CUCETA - A Cultura Queer de Solange Tô Aberta from claudiomanoel on Vimeo.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Notícias: Laerte arrasando!
“Ser mulher é muito caro”
O cartunista Laerte, que passou a se vestir de mulher, diz que suas despesas agora incluem manicure, depilação, lingeries e sapato
Deborah Bresser | 26/10/2010 15:05
Morador de uma ruazinha bucólica no bairro do Butantã, em São Paulo, o cartunista Laerte que nos recebe à porta em nada lembra o cartunista Laerte. Mais parece uma senhora do interior. Cabelos grisalhos com franja, pouco abaixo das orelhas, de onde pendem brincos de brilho discreto, camisa com estampa indiana, unhas vermelhas, nas mãos e nos pés, que calçam um par de Havaianas brancas, e com uma ousada minissaia jeans para seus 60 anos de idade, a imagem revela uma fase peculiar na vida do artista. Laerte é crossdresser, e vem, segundo afirma, explorando o guarda-roupa feminino como forma de expressão. Mais do que se travestir, Laerte diz que está interessado em romper as barreiras que limitam os gêneros. Em entrevista exclusiva ao iG Moda, o cartunista revela detalhes dessa sua incursão no armário das mulheres.
iG Moda: Como é a sua relação com a moda?
Laerte: Eu estou em uma fase de exploração. O primeiro quesito que tenho de considerar é grana. Antes eu não tinha a menor preocupação com roupa, não fazia nenhum tipo de avaliação, comprava uma calça nova a cada três anos, colocava uma camiseta e pronto. A roupa feminina abre as portas dessas possibilidades, desperta essa vontade de avaliar cor, estampa, tecido, perceber que nem tudo cai bem. É muito irresistível. O guarda-roupa masculino é restrito, bastam duas, três camisas e calças. O feminino tem vestidos, saias, blusas, acessórios, sandálias, botas. Como dona de um guarda-roupa feminino eu estou engatinhando.
iG Moda: Onde você compra suas roupas? Você experimenta, diz que as peças femininas são para você?
Laerte: Eu vou a lojas onde as roupas sejam mais baratas. É muito caro se vestir como mulher. Aqui no Rio Pequeno tem umas lojas boas. Na Teodoro (Sampaio, em Pinheiros) também acho muitas coisas. Brechó eu gosto, mas não tem provador, então complica. Já aconteceu de eu comprar em brechó, chegar em casa e a roupa não servir. Eu prefiro provar. Nunca tive um caso de nariz empinado, a recepção das vendedoras sempre foi muito boa, me tratam com muita gentileza. Acho que elas querem vender... então tanto faz. Elas perguntam: “é pra você mesmo?”. No começo eu ficava tímido, dizia que era para minha namorada. Quando me perguntavam ‘como ela é’, eu dizia ‘ela é mais ou menos do meu tamanho’... Outra forma de eu montar meu armário é ganhar coisas... essa blusa que estou ganhei da minha namorada.
iG Moda: Você já roubou alguma peça do guarda-roupa dela, da sua namorada?
Laerte: Não...só camiseta.
iG Moda: Qual item do vestuário feminino é o mais complicado de escolher?
Laerte: Vestido é o mais difícil. É uma peça inteiriça, e o homem tem duas medidas, uma de tronco, outra de quadril. É difícil achar um vestido que fique bem. Comprei um agora, que é evasé e caiu bem. Nem usei ainda. Eu sou uma senhora de certa idade, e tenho um padrão de discrição que se mantém, não sou outra pessoa. Eu não virei mulher. Essa vivência às vezes cria problemas de convívio. É como exercitar outra cidadania.
iG Moda: Você já enfrentou algum tipo de hostilidade?
Laerte: Não muito. Às vezes saio, e passam uns carros, os caras gritam ‘ê viadão’, ‘ô boneca’, e dá vontade dar meia volta e retornar. Mas nunca houve nada mais sério, só uns ‘fiu fius’...
iG Moda: O que você mais gosta de comprar?
Laerte: A roupa feminina é excitante. Eu gosto muito de comprar sapatos. Calço 39, então não tenho muita dificuldade de encontrar. No começo eu só saía de salto alto. Agora tenho umas sapatilhas, uma botinha, mas é mais caro.
iG Moda: Alguma peça masculina já foi eliminada do seu guarda-roupa?
Laerte: A minha gaveta de cuecas está cada vez mais reduzida... as lingeries tomaram conta. Gosto das de renda. Existem modelos de sutiã com bojo que servem para colocar a prótese, mas esse é um outro movimento. Calcinha com bunda... já tive, mas hoje não uso mais. Estou satisfeito com a minha! A gente vai se conhecendo. No começo faz umas besteiras...essa foi uma delas... Outra foi comprar um espartilho. Mandei fazer, foi caro, mas não ficou bom. Hoje tenho um que uso por cima da blusa, fica bacana, dá uma acinturada...
iG Moda: Estou vendo que você está de unha feita. Você vai à manicure ou ela vem até aqui?
Laerte: Não... eu vou. O salão é aqui do lado. A depilação também é pertinho. A gente vai conhecendo esses serviços no bairro. Quero arrumar uma costureira por aqui. Acho bom para reformar roupas, fazer outras, mas ainda não encontrei nenhuma boa.
iG Moda: Você se importa com o que está na moda ou segue seu gosto?
Laerte: Eu gosto de estampas, mas preciso comprar umas peças lisas para combinar. Vou meio no olho, mas no circuito crossdressing a gente se informa, troca dicas de bazares, de lojas, e há umas vendas especiais. Uma de ‘nós’ coleciona sapatos. Às vezes ela precisa de espaço no armário e de saldo bancário e vende uns pares. É uma maravilha! Mas ela calça 41... fica tudo grande. E essa coisa de colocar algodão na ponta é um horror. Vira uma tortura. A ponta do sapato foi cientificamente construída para abrigar os dedos do pé. Gosto muito de sandálias, que deixam o pé à mostra. Quando estou com a unha do pé pintada, prefiro usar sandálias.
iG Moda: Qual recurso do figurino feminino você ainda não usou?
Laerte: Peruca. Tenho tentado usar o meu cabelo, mas cabelo de homem vai ficando ralo... Acho que vou acabar tendo de usar. Frente-única também nunca usei... acho que precisaria de mais audácia.
iG Moda: No seu armário feminino, você tem uma roupa predileta?
Laerte: Um vestido preto do qual gosto muito, fica muito bem... Deve ter sido de outro homem! Eu comprei em um brechó.
iG Moda: Que peça de roupa é mais difícil de encontrar para um crossdresser?
Laerte: Acho que o setor de moda poderia olhar mais para esse mercado, deveria produzir para corpos especiais. Não estou falando só de crossdresser. Eu tenho várias amigas, que são grandes, e não encontram roupa. A gente precisa descobrir a melhor roupa, a que cai bem e não só as que estão dentro das ideias de moda. A moda não é uma ordem; é uma sugestão.
iG Moda: E maquiagem, você usa?
Laerte: Eu não fiz ainda depilação a laser na barba, então fica estranho. Por enquanto faço a barba bem rente, e coloco uma pintura de batom antes da base, que é para não ficar tão escuro. Uso um batom leve, pinto os olhos. A Duda Nandes, que é maquiadora, dá várias dicas pra gente. Foi lá que me montei pela primeira vez... Estou com 60 anos... gostaria de ter começado antes. Teria aproveitado mais. No começo era uma loucura, as bijuterias, a cinta-liga, tinha vontade de sair assim na rua, queria que todos vissem...
iG Moda: Você tem cinta-liga?
Laerte: Tenho... mas o uso é restrito...
iG Moda: Você ainda usa roupas masculinas?
Laerte: Tenho algumas peças remanescentes. Minhas calças, até os jeans, têm corte feminino. Descobri que caem bem, eu gosto. Casacos é que não tenho nenhum feminino. Eu dei uma avançada no meu guarda-roupa de verão, não comprei roupa de inverno de mulher. O que eu quero é romper essa fronteira de feminino e masculino, e isso não está só no vestir. Está na postura, nos modos. Me interessa esse movimento. As mulheres são educadas para ter uma contenção corporal, isso é cultural. Elas são condenadas a um tipo de vida. Me interessa romper isso. Hoje estou assim, mas não há uma meta definida. Não estou interessado em virar mulher, é uma questão de gênero. O vestuário feminino não tem limite.
Livros: Judith Butler
Livros: Beatriz Preciado
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
O Desafio de Um Currículo Queer - Richard Miskolci
Aula magna do professor Richard Miskolci
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
PARTE 5
PARTE 6
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
PARTE 5
PARTE 6
O Armário Ampliado - Richard Miskolci
Guacira Lopes Louro
Notícia: Cross Dressing Academy
Fica a dica para quem quiser aprender a se montar!
http://www.youtube.com/watch?v=t-U2MKwx_X8
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El Error Gay - Manuel Puig
Texto do escritor argentino Manuel Puig publicado pelo"El Porteño" de Buenos Aires em 1990. Puig é conhecido no Brasil principalmente por "O Beijo da Mulher Aranha" (1976) transposto para o cinema por Hector Babenco em 1985, "A Traição de Rita Hayworth" (1968), "Boquitas Pintadas" (1969), que também virou filme em 1974, e "Sangue de Amor Correspondido"(1982).
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Filme: Dzi Croquettes
Epistemologia do Armário - Eve Sedgwick
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